segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ao final da Transamazônica, o começo de um profundo respeito



Conhecer lugares, cidades, culturas e histórias de uma realidade triste e ao mesmo tempo emocionante pela força de um povo que trabalha na esperança de dias melhores com a chegada do asfalto. Assim foi nossa viagem pela Transamazônica.

A apenas 25 quilômetros de asfalto depois de Marabá entramos na estrada de terra pela qual cruzaríamos a lendária rodovia brasileira até o ponto final em plena floresta amazônica, às margens do rio Purus. O final das intermináveis retas muitas vezes eram inexpressivos pontos no horizonte.

























Logo entenderíamos que o movimento desta estrada, feita à semelhança de um dos incontáveis rios que singram as terras da região, tem alguns inconvenientes. O maior deles é a poeira levantada pelos carros que transitam pelas precárias estradas secundárias antes de desembocar na imponente Transamazônica. 







Alguns dias de estrada em meio à exuberância da generosa natureza direcionam o olhar para belezas intocadas no meio da mata, prontas para encher os olhos e inundar a alma de quem tem o privilégio de estar ali.













Em dezenas de lugares nos quais paramos encontramos combustível, comida e sincero incentivo para vencer as longas distâncias – às vezes 200 ou mais quilômetros - entre duas cidades, preenchidos unicamente pela natureza arrebatadora.


 







Encontramos o progresso em vários trechos ao longo dos primeiros mil quilômetros. O asfalto, quando chegar, levará também um pouco mais de conforto aos moradores e viajantes.






















As grandes boiadas com as quais cruzamos em diferentes pontos da estrada negavam a condição rodoviária da Transamazônica, fazendo dela um simples caminho para se chegar a algum lugar bem distante.



















Na terra do chão de água, as balsas são as melhores amigas dos moradores e viajantes. Sem elas, a vida seria um lamento só.















Na Amazônia, singelas gotas de chuva são demonstração de força da implacável floresta. Mais do que as grandes distâncias entre as cidades, a estrada molhada impõe respeito.















Assim é a BR 230.

Uma rodovia onde as ladeiras obrigam os motoristas de caminhão a rezarem para que o tratorista de plantão os ajude a vencer as subidas.








Uma estrada feita de rios esplendorosos e pontes milagrosas que aproximam pessoas e encurtam distâncias.





















Um caminho povoado por pessoas simples e fortes, bravos que lutam para viver num lugar ainda desconhecido e pouco admirado.
































Viver, ainda que somente por 20 dias, a rotina de uma estrada inaugurada na década de 70 e até hoje não concluída, da qual dependem milhares de moradores foi, sem dúvida, uma experiência única que me fez pensar muito.

A exemplo de um rio, que segue seu curso transpondo os diferentes obstáculos que se apresentam pelo caminho, a altiva Transamazônica venceu onde não foi vencida pelo mato, pelo descaso
e pelo delírio. À ela e aos seus – e a nós, por que não? -, meu profundo respeito. Viva o Brasil!  








Rua que cruza a cidade de Lábrea, no Amazonas, é o fim Rodovia Transamazônica.
ao fundo o Rio Purus.



Vídeo da viagem.

 
 

Vídeo das fotos.