domingo, 9 de agosto de 2015

Viagem pelas BRs 319, 230 e 163 de Té250




Há dois anos, meu irmão Nenê e eu realizamos o antigo sonho de percorrer, de moto, a BR 230 – Transamazônica. Uma viagem inesquecível! Descobrimos um Brasil ignorado pelas autoridades públicas e desconhecido por grande parte da população, povoado por cidadãos que, depois de mais de 40 anos da inauguração da rodovia federal que corta a região norte do país, ainda aguardam o tão sonhado progresso trazido pelo asfalto que ainda não chegou. A rodovia está sendo asfaltada há anos por empreiteiras e, pelo andar das máquinas, ainda serão muitos os anos que elas passarão asfaltando a floresta, sem interesse de terminar. Assim como a seca do Nordeste, o asfalto da Transamazônica é um poço sem fundo de verbas públicas.

https://www.youtube.com/watch?v=AEldxX1GQ2A


Em setembro voltaremos para a região amazônica, desta vez para percorrer outra rodovia federal, a BR 319, mais conhecida como “Rodovia Fantasma” ou “Caminho das Onças”. A volta para casa será pela BR 163, que liga Santarém, no Pará, a Cuiabá, no Mato Grosso, e de lá seguiremos para o norte do Paraná, onde fica nossa cidade, Maringá.
Esta viagem deveria ser feita de Tiger 800XC. Treinei durante seis meses para isso, porém tive problemas com o filtro de ar. Primeiro, o original novo de papel, que aguentou somente os três primeiros meses do treinamento. Em seguida o K&N, que não conseguiu filtrar totalmente a poeira e a deixou passar para dentro do motor. Além disso, o TBI da moto acumulou uma “borra” de gasolina de má qualidade.
Eu tentei simular todas as condições pelas quais passaria durante a viagem. Diante do que aconteceu com o filtro de ar e TBI, conclui que poderia ter problemas com a moto no meio da floresta.
Pegaremos muita poeira nas BRs 163 e na 230 quando já estivermos voltando, e certamente vamos abastecer as motos com gasolina pouco ou nada confiável durante o trajeto na região norte.
A opção inicial pela Tiger deu-se pelo roteiro. Eu encontraria minha esposa em Marabá, no início do trecho de terra da Transamazônica. A partir desta cidade, minha esposa e eu faríamos, pelo asfalto, o trajeto até Cabedelo, na Paraíba, marco zero da BR 230, e de lá seguiríamos margeando o rio São Francisco até a nascente, em Minas Gerais.
Reconheço que a Tiger não seria a melhor moto para percorrer as Brs 319, 230 e 163 e não aconselharia ninguém a fazer essa viagem com qualquer Big Trail, mas no meu caso não havia outra opção, pois minha esposa precisaria de conforto no asfalto.

Hoje, mais do que nunca, aprendi a respeitar todo o potencial da Tiger 800XC no off-road, já que fiz quase toda a preparação da viagem com ela e sei que ela é uma moto capaz de percorrer qualquer estrada do mundo, menos a rodovia Fantasma e a Transamazônica com toda a poeira e combustível de má qualidade.

Depois de seis meses treinando e aprendendo a pilotar uma Big Trail em qualquer condição de estrada, resolvi, por bem, trocar de moto para encarar o desafio no norte brasileiro. A Tiger está toda customizada para o off-road, revisada, zerada e guardada para outras aventuras.

Como não sou de trocar o certo pelo duvidoso, seguiremos mais uma vez com a velha, mas confiável Té 250, que me deu e ainda me dará muitas alegrias pelas estradas desse nosso imenso e maravilhoso país.

Nosso roteiro ficou assim definido:
Maringá-PR
--> Humaitá-AM --> BR319 --> Manaus --> Rio Amazonas --> Santarém-PA --> Cuiabá-MT --> Maringá-PR, que deverá ser cumprido em 20 dias, sendo:

5.170 KM de on-road
1.490 Km de off-road
36 horas de barco
Eu, de Té 250, e meu irmão Nenê com a Lander.

De Manaus a Santarém serão 36 horas de barco pelo Rio Amazonas com as motos embarcadas.
A BR 163, que liga Santarém a Guarantã do Norte, no Mato Grosso, é uma rodovia com pouco asfalto. Entre Rurópolis e o trevo de Itaituba, ambas no Pará, ela “entra” por 115 km na saudosa e conhecida Transamazônica. No trevo ela volta a ser BR 163 e será por ela que desceremos em direção às nossas casas.

A BR 319 tem início em Humaitá, no sul do Estado do Amazonas, e segue por 670 km até a capital Manaus. É um belo exemplo de descaso e interesse financeiro de políticos e empresários do transporte fluvial. Há mais de 30 anos era uma rodovia asfaltada, com linhas de ônibus e trânsito normal de veículos. “Inexplicavelmente”, o governo mandou remover o asfalto e destruir as pontes para torná-la intransitável. Quem ganha com isso?

https://www.youtube.com/watch?v=OvhQjKlQ-Qo&feature=youtu.be


Conversei com pessoas, li muitos relatos e assisti a alguns vídeos sobre a rodovia, nos quais os viajantes aventureiros contam as dificuldades de percorrê-la, como barro, falta de combustível, pernoite nas torres da Embratel, visitas inesperadas de animais durante a noite, pontes caídas, onças, cobras e outros animais que cruzam o caminho. Alguns relatos falam até de pessoas estranhas, fantasmas e outras criaturas. Outros contam a fantástica experiência de percorrer esta lendária e histórica estrada, com moradores hospitaleiros e suas histórias.
Ao mesmo tempo em que pensamos na imensidão do nosso país, pensamos também que as imensas carências simplesmente não aparecem na grande mídia porque alguém lucra com o descaso. Por tudo isso é que percorrer esta estrada virou um sonho e desejo de todo motociclista amante do off-road.

Partiremos no dia 5 de setembro de Maringá com destino a Humaitá. De lá seguiremos para um passeio inesquecível. Com certeza teremos muitas histórias para contar. Espero que sejam boas, rs.  

http://binged.it/1JS7U6T


Caso queiram pegar carona neste passeio, sejam bem-vindos.

Segue o link:
http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0QT6q2odxXrdeYA49qkVi1Q6Fj9kQjHjj