Para nós, sair de casa é sempre uma aventura e voltar, uma grande alegria. Por isso vivemos e sentimos cada minuto da viagem, buscando o desconhecido, aproximando o distante, conhecendo o diferente, esvaziando-nos de nós mesmos e preenchendo-nos de tantos outros. Sem a pretensão de servir de guia ou de sugestão de roteiros, Almas Pássaras quer somente mostrar por onde andamos e o que os nossos olhos estão vendo. Voe conosco. Sua companhia é sempre bem-vinda.
Depois de
alguns meses de preparação finalmente chegou a data da partida.
Sairemos sábado, dia 31, às 5h30, para encontrar nosso amigo Palmiro em São José do Rio Preto e de lá seguiremos até a primeira etapa da viagem.
Temos um roteiro definido, mas não temos certeza e nem o compromisso exato de cumprir
as datas estipuladas para as etapas.
Em toda longa viagem, e principalmente nesta, imprevistos podem acontecer e nos
atrasar. Tirar algumas fotos a mais, olhar uma bela paisagem, esperar a sucuri ou
a onça atravessar a estrada e por aí vai...rsrsrs
Para os amigos que desejarem pegar carona conosco, utilizaremos um
rastreador que mostrará nossa localização nas etapas diárias.
Todo grande desafio começa com o sonho de realizá-lo.
Esse foi o início da minha viagem por uma estrada na região que sempre despertou meu interesse e curiosidade: a Transamazônica - BR 230.
Projetada e executada em plena ditadura militar, no governo de Emílio Garrastazu
Médici, entre 1969 e 1974, a Rodovia Transamazônica nasceu para levar "homens sem terra à terra sem homens". O delírio da integração nacional ultrapassaria as fronteiras nativas e chegaria ao Equador passando pelo Peru, mas dos 8 mil quilômetros pavimentados inicialmente previstos, a terceira maior rodovia do Brasil possui 4.233, que ligam Cabedelo, na Paraíba, a Lábrea, no Amazonas. Mais da metade sem asfalto.
Minha história com a rodovia dos sonhos infantis terá início em Marabá, no Pará, e seguirá até Humaitá, cerca de 200 km antes de Lábrea, o ponto final da Transamazônica.
Serão mais de 2 mil km por estradas de
terra, anualmente intransitáveis durante o inverno para quem se habilita a percorrê-los de carro, ônibus ou caminhões. Para estes, além da selva e
dos lugares de pouco movimento de carros, os grandes atoleiros e as enchentes dos
rios que impedem o trânsito são obstáculos comuns a serem vencidos.
Para mim, não haveria graça alguma sair de casa de avião e chegar até a
Transamazônica, ou cruzá-la de carro. Como grande apaixonado por viagens de moto resolvi percorrer sua extensão sobre duas rodas. Mas a viagem deixaria de ser completa se a moto fosse despachada para Marabá e eu dali me aventurasse pelas "terras do chão de água."
Com os pés em terra firme, eu sabia que essa viagem teria uma data e um local para começar e acabar, de preferência no período de seca na região e pilotando a partir do portão da minha casa. E assim será.
Vou acompanhado de meu irmão, Nenê, e do amigo Palmiro, de Salto (SP). Sempre soube que uma aventura dessa deveria ser feita em conjunto. E assim será.
A preparação da viagem e a grande vontade em percorrer a BR 230 de moto, uma das maiores rodovias
do Brasil, para além de um sonho, transformou-se em um grande desafio.
Partiremos rumo à Transamazônica em 31 de agosto, exatos 39 anos e um dia depois de inaugurada pelo general Médici, e voltaremos para casa no final de setembro, depois de 8,6 mil quilômetros rodados. Assim seja!
Viaje conosco pelo Brasil amazônico nas postagens do Almas Pássaras.