Conhecer lugares, cidades, culturas
e histórias de uma realidade triste e ao mesmo tempo emocionante pela força de
um povo que trabalha na esperança de dias melhores com a chegada do asfalto. Assim
foi nossa viagem pela Transamazônica.
A apenas 25 quilômetros de asfalto
depois de Marabá entramos na estrada de terra pela qual cruzaríamos a lendária
rodovia brasileira até o ponto final em plena floresta amazônica, às margens do
rio Purus. O final das intermináveis retas muitas vezes eram inexpressivos pontos no
horizonte.
Logo
entenderíamos que o movimento desta estrada, feita à semelhança de um dos incontáveis rios que singram as terras da região, tem alguns inconvenientes.
O maior deles é a poeira levantada pelos carros que transitam pelas precárias
estradas secundárias antes de desembocar na imponente Transamazônica.
Alguns
dias de estrada em meio à exuberância da generosa natureza direcionam o olhar
para belezas intocadas no meio da mata, prontas para encher os olhos e
inundar a alma de quem tem o privilégio de estar ali.
Em dezenas de lugares nos quais
paramos encontramos combustível, comida e sincero incentivo para vencer as
longas distâncias – às vezes 200 ou mais quilômetros - entre duas cidades, preenchidos
unicamente pela natureza arrebatadora.
Encontramos
o progresso em vários trechos ao longo dos primeiros mil quilômetros. O asfalto, quando chegar, levará também um pouco mais de conforto aos moradores e
viajantes.
As grandes boiadas com
as quais cruzamos em diferentes pontos da estrada negavam a condição rodoviária da Transamazônica, fazendo dela um simples caminho para se chegar a
algum lugar bem distante.
Na
terra do chão de água, as balsas são as melhores amigas dos moradores e
viajantes. Sem elas, a vida seria um lamento só.
Na
Amazônia, singelas gotas de chuva são demonstração de força da implacável floresta.
Mais do que as grandes distâncias entre as cidades, a estrada molhada impõe
respeito.
Assim
é a BR 230.
Uma
rodovia onde as ladeiras obrigam os motoristas de caminhão a rezarem para que o
tratorista de plantão os ajude a vencer as subidas.
Uma
estrada feita de rios esplendorosos e pontes milagrosas que aproximam pessoas e encurtam distâncias.
Um
caminho povoado por pessoas simples e fortes, bravos que lutam para viver num
lugar ainda desconhecido e pouco admirado.
Viver, ainda que somente por 20 dias,
a rotina de uma estrada inaugurada na década de 70 e até hoje não concluída, da
qual dependem milhares de moradores foi, sem dúvida, uma experiência única que me
fez pensar muito.
A exemplo de um rio, que segue seu curso transpondo os diferentes obstáculos que se apresentam pelo caminho, a altiva Transamazônica venceu onde não foi vencida pelo mato, pelo descaso
e pelo delírio. À ela e aos seus – e a nós, por que não? -, meu profundo respeito. Viva o Brasil!
A exemplo de um rio, que segue seu curso transpondo os diferentes obstáculos que se apresentam pelo caminho, a altiva Transamazônica venceu onde não foi vencida pelo mato, pelo descaso
e pelo delírio. À ela e aos seus – e a nós, por que não? -, meu profundo respeito. Viva o Brasil!
Rua que cruza a cidade de Lábrea, no Amazonas, é o fim Rodovia Transamazônica. ao fundo o Rio Purus. Vídeo da viagem.Vídeo das fotos. |